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O Andasser - Felipe Futada

O caminhante, o pedestre, o andarilho, o flaneur,
o nômade, o peregrino, o errante, o andasser.
O sujeito que passo a passo
descobre e inventa respostas dos porquês
Olhos, ouvidos, poros, narinas
invadidos
pelo toque sensorial
do mundo à beira do caminho.
Flutua na correria,
passos homeopáticos contra a apatia
encontrando sua homeostase
no puro êxtase
de viver como turista na própria cidade
Louco-moção, nunca imóvel
Decretou o habite-se do próprio corpo
Ação lúdico-exploratória
Artefato urbano subversivo
da ordem e do tempo-espaço
Recusa o expediente produtivo
Vê no movente fundamento do poema
Escreve com os pés no chão
(ar) riscando com as solas
em voo solo, sem pressa e sem direção
Caminhando ao encontro de si
perder-se, ser ninguém na multidão
O poder de congelar o tempo
num instante, numa cena, num encontrão
Vê em cada indivíduo uma paisagem
uma música, um poema, uma raridade
Pixels na fotografia da cidade
Sair do trânsito das avenidas
entrar em transe caçando calçadas
Medindo o mundo à sua Geometria
o tamanho das pernas, que em troca revela
o propósito de sua anatomia
O primeiro passo lhe ofereceu
a primeira nova perspectiva
mostrando que um ponto a ser alcançado
estabelecido na visão do mundo
exige comprometimento do corpo
Silenciar o Eu, dar voz ao si-mesmo
Impermanência permeável
Desaparecer no acontecer do mundo
Materializar o silêncio, habitar o momento
Sentir o toque do mundo na pele
Liturgia anárquica da cidade
caminhar é exercício de alteridade
Verbo metafísico possessivo
da ação de fazer meu cada instante
Cá minhar
Aqui minhar
Agora minhar
Ação no momento, impulso
de informação ao futuro
Sinapse existencial
Transcendência libertária exige curso presencial
e de corpo presente, a par e passo
saborear as escolhas
que nos fazem gente

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